sexta-feira, 29 de maio de 2009

A OUTRA MARGEM

THE OTHER SIDE
Realizador: Luis Filipe Rocha
Ano:2006
País:Portugal
Duração:106 min

A Homossexualidade e a Sindrome de Down são, ainda hoje, estigmas que exilam seres humanos para A Outra Margem da vida. A moral tradicional na mentalidade dominante é, ainda hoje, causa incontornável de exclusão e afastamento. Iluminar e exibir a humana normalidade dos "anormais" é confrontar os "normais" com a sua propria e intima "anormalidade", é propor uma ponte de compreensão entre as duas margens. O filme retrata a história de um travesti que perdeu o gosto pela vida é confrontado com a alegria de viver de um adolescente com síndrome de Down.
Vencedor do prémio de Melhor Actor no Festival Mundial de Cinema de Monterreal e três Globos de Ouro, é um exímio exemplar do cinema gay português.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

PINK NARCISSUS

Realizador: James Bidgood
Ano:1971
País:USA
Duração:71 min


A rodagem começou em Super 8 e durou 7 anos antes da transcrição para 35mm. O director James Bidgood, que passou 10 anos como anónimo, de tão ousado para a época, não poupou detalhes do imaginário erótico de um adolescente incontido no terreno da fantasia e imprimiu em sua obra, em momentos críticos, uma linguagem poética, vibrante e de incrível beleza.
Original de 1960, rapidamente tornou-se um marco do cinema gay na década de 70. Músicas e cores vibrantes, nus masculinos delirantes, as veias do personagem de Bobby Kendall pulsam alucinadamente durante sua viagem erótica em corpos de homens dominadores, másculos, gladiadores, árabes e cowboys. Obcecado pela juventude eterna, o personagem de Narcissus explora todos os arquétipos do jovem gay e seus mais viscerais desejos. Passando do extravagante pelo épico ao underground, a mistura de estilos serve para ilustrar com bastante precisão o encantamento pelo nu masculino e sua carga de homo erotismo que imperam no universo homossexual.
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CARAVAGGIO

Realizador:Derek Jarman
Ano:1986
País:UK
Duração:93 min

Após a mais polémica representação cinematográfica de São Sebastião e também o controverso Edward II, Dereck Jarman volta a interessar-se por personagens históricas de sexualidade dúbia para produzir mais um filme. Michelangelo Merisi Caravaggio (1573-1610) foi o último, talvez o melhor, e certamente o mais controverso pintor da Renascença Italiana. Este tributo audacioso ao perturbante artista tem Nigel Terry no papel de Caravaggio, um "menino-mau" da aristocracia italiana que escandalizou a ordem estabelecida com as suas pinturas vagamente eróticas de Santos nus usando como modelos prostitutos e jovens marginais. Jarman retrata Caravaggio como um homem de paixões intensas - artística, emocional e fisicamente - que era também um bissexual com uma apetência pela "troca dura no mercado de carne". Sean Bean desempenha o papel do bissexual Ranuccio, o rude amante de Caravaggio, e a consagrada Tilda Swinton o de Lena, a bela amante que se interpõe entre eles. Um elegante filme combinando anacronismo jocoso (uma técnica novamente empregue em "Edward II") e uma comovente história de amor homoerótica, trabalho de câmara impressionante e uma atmosfera complexa e impressionista. Jarman levou sete anos a preparar o filme e, uma vez iniciada a produção, ele rodou-o em apenas cinco semanas. (Este filme já foi editado em Portugal)

BOYS DON’T CRY

Realizador:Kimberley Peirce
Ano:1999
País:EUA
Duração:118 min


Os três anos de procura pela actriz ideal para interpretar a intrigante personagem de Teena Brandon foi compensada pelo Oscar de Melhor Actriz e o Globo de Ouro em Drama ganho pela Hillary Swank, tendo visto ainda Chlöe Sevigny indicada para Melhor Actriz Coadjuvante. Boys Don`t Cry conta a complicada história de Teena Brandon, uma jovem rapariga cujos esforços continuados para suprimir o seu género são recompensados por uma bem sucedida transformação num rapaz, mas punidos pela intolerância daqueles que se recusam a ver para lá do corpo dela. Baseado na personagem verídica homónima, “Os Rapazes Não Choram” passa-se no início dos anos 90, em Falls City (Nebraska), onde o jovem Brandon esconde a sua identidade feminina e procura a excitação de um novo amor e do companheirismo masculino. O filme explora as contradições da identidade e da juventude americana através da vida e morte de Brandon Teena. Vagueando por um caos de desejo e assassinato, esta é a história de um jovem americano à procura do amor, de si mesmo e de um lugar para chamar de lar. Apesar de ser um filme relativamente recente, já se impôs como um clássico a não perder do universo Gay e Lésbico. Devido à violência de algumas das suas cenas o filme está como não recomendado a pessoas sensíveis.
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sexta-feira, 15 de maio de 2009

20 CENTIMETROS

20 CENTIMETERS
Realizador: Ramón Salazar
Ano:2005
País:Espanha
Duração:112 min
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Participante do festival gay de Lisboa 2005, e vencedor de prémio, o filme segue o dia-a-dia um travesti cuja maior ambição é realizar uma operação que lhe permita mudar de sexo. Um olhar irreverente e desregrado sobre o submundo urbano e os outcasts que o habitam, onde subsistir está longe de ser uma garantia e os sonhos de prosperidade dificilmente se tornarão realidade. Embora ofereça um retrato seco e realista do meio em que se centra, é frequentemente contaminado por delirantes e imprevisíveis momentos onde as sequências oníricas da protagonista se salientam, gerando interlúdios musicais e cómicos que fornecem alguma réstia de esperança aos ambientes de negrume presentes em grande parte do filme. Focando a obstinação de Marieta em se livrar dos 20 centímetros que a impedem de se tornar a mulher que sonha ser, o filme recupera alguns traços do cinema de Pedro Almodóvar, recorrendo a uma saudável combinação de melodrama e humor negro centrando-se nas experiências dos rejeitados e desprezados pela sociedade. Longe de ser um filme para todos os gostos, é uma obra suficientemente inventiva para figurar entre as boas surpresas de 2005, até porque, convenhamos, não haverá muitas películas protagonizadas por uma prostituta travesti narcoléptica e por uma série de personagens secundárias não menos peculiares.Qual é o tamanho da felicidade?
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domingo, 10 de maio de 2009

RAINHAS

REINAS
Realizador:Manuel Gómez Pereira
Ano:2005
País:Espanha
Duração:107 min

O filme tem lugar no dia em que vinte casais homossexuais se vão casar após esse direito ter sido consagrado em Espanha. Esta história que acompanha as atribulações das mães dos rapazes que irão casar, foi considerada a comédia do ano, estando presentes actrizes como Cármen Maura e Marisa Paredes, actrizes preferidas de Almodôvar. O filme foi escrito dois anos antes da aprovação da lei que aprova o casamento civil entre gays, estreando precisamente no ano em que se tornou possível casar.
Já haveria confusão suficiente caso fosse uma cerimónia simples mas não é este o caso, já que os casais irão oficializar a união numa celebração colectiva. E, como não poderia deixar de ser, as mães dos noivos não se conseguem conter. No fim de semana anterior à festa, euforia, ansiedade, vergonha e outros sentimentos misturam-se na cabeça destas mulheres, bem como na de todos aqueles envolvidos no casamento. O resultado desta mistura poderá mudar os rumos do próprio evento.
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quarta-feira, 6 de maio de 2009

PRISCILLA, A RAINHA DO DESERTO

Priscilla Queen of the Desert
Realizador: Stephan Elliott
Ano:1994
País: Australia
Duração: 103 min

Elas chegaram e, fabulosas, conquistaram todos. Este filme australiano incrivelmente criativo, visualmente maravilhoso e incomparavelmente divertido conta a história de três drag queens desbravando a vastidão do deserto australiano. Foi o vencedor do Oscar de 1994 de Melhor Figurino. Terence Stamp (Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma), Hugo Weaving (Matrix) e Guy Pearce (Amnésia) apresentam todos excelentes e emocionantes interpretações nesta história de três peixes fora dágua, que é considerado "um dos mais irreverentes filmes já realizados" (The New York Observer)! Com um contrato para realizar um show de drags nos confins do deserto australiano, Bernadette (Stamp), Tick (Weaving) e Adam (Pearce) têm cada um seu motivo pessoal pra querer deixar a segurança de Sydney. Batizaram o seu rodado autocarro de excursão com o nome de "Priscilla", e nele estas enlouquecidamente divertidas rainhas do drama fazem-se ao deserto... onde as suas espetaculares aventuras são ainda mais fantásticas do que os trajes do seu figurino.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

OS SONHADORES

THE DREAMERS
Realizador:
Bernardo Bertolucci
Ano:2003
País:FR
Duração:115 min



The Dreamers é um filme de uma relação entre três jovens envolto numa nostalgia terna, que recupera uma época que, sem qualquer dúvida, muito diz ao seu realizador. Bertolucci viveu também ele de perto a realidade retratada no filme, e é bastante notória a paixão com que filma cada plano desta sua obra, onde nos mostra não só o seu amor incondicional pelo Cinema (e pela sua força e pelo seu significado) como também aproveita para recuperar o idealismo político vivido na época. Talvez não seja de todo despropositado dizer que o filme vive no passado, mas vamos por partes. Primeiro, e acima de qualquer outra coisa, está o Cinema, e tudo aquilo que ele arrasta consigo, especialmente para este grupo de jovens. Como se nada mais importante na vida existisse para além do cinema, para além das imagens projectadas na sala escura. Para estas personagens, o Cinema é uma experiência visceral, e assume uma posição vital, como se a vida existisse para o imitar, para o reproduzir, e não o contrário. Daí que por vezes possa tornar-se bastante desconfortável assistir ao filme, porque Bertolucci leva esta ideia até às últimas consequências, ou seja, do Cinema não vêm apenas o maravilhamento e a magia, mas vêm também os desejos e as frustrações sexuais tornando-o, se necessário, num assunto de vida ou de morte e este trio leva-o até às últimas consequências. É particularmente inspirada a forma como o realizador italiano consegue criar na sua história uma série de paralelismos com a própria História do cinema, através de uma hábil montagem e uma construção narrativa bem especial.
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TOUT CONTRE LÉO

Realizador: Christophe Honoré
Ano:2002
País:FR
Duração: 90 min


Mais um filme do realizador de Canções de Amor, Christophe Honoré. Quando Leo, um joven de 20 anos, o mais velho de quatro irmãos, anuncia à sua família francesa, de origem rural, que é HIV positivo, coloca à prova os laços familiares. A família decide que Marcel, de 12 anos, o menor de todos os irmãos, e demasiado jovem para entender o significado desta enfermidade acorda a família esconder-lhe a verdade. Mas Marcel apercebe-se que algo não está bem e aproveita uma viagem com Leo a Paris para força-lo a contar-lhe toda a verdade. Este filme francês mostra-nos uma realidade, infelizmente, cada vez mais frequente, de pessoas infectadas com o vírus da sida e a forma como estas e as suas famílias encontram meios para sobreviver a esta terrível doença. Um filme comovente.
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CANÇÕES DE AMOR

LES CHANSONS D'AMOUR
Realizador: Christophe Honoré
Ano:2007
País: FR
Duração: 100 min

Christophe Honoré tem vindo a ser destacado nos últimos anos pela sua reinterpretação do fenómeno nouvelle vague, em concreto no belíssimo Dans Paris, tendência que continua na linha da frente do seu último filme, Les chansons d’amour. Mas um dos aspectos mais refulgentes deste cineasta é a sua capacidade de personalizar tudo aquilo que o movimento representou para e pelo cinema. Aqui tem a audácia de introduzir tímidos mas grandíloquos temas musicais de Alex Beaupain, ditos e sentidos pelas personagens que povoam estas histórias de amores cruzados. E a atenção ao caminho individual e partilhado de cada uma delas leva-o além das expectativas e muito perto da transcendência. Todos os corpos que vagueiam por entre estas linhas de vida são movidos pela vontade silenciosa de sentir todos os ambíguos contornos do amor e não simplesmente encontrá-lo numa esquina de uma avenida parisiense. Louis Garrel, em mais uma interpretação comovente e memorável, segue-se pelos instintos sem nunca entendê-los e na sua inocência juvenil deixa-se ultrapassar por ele mesmo, não se permitindo parar e perceber onde se encontra. Existe uma beleza inidentificável na forma como Honoré deixa Garrel e as restantes personagens (de destacar também Clotilde Hesme) se confessarem em lugar de escrutinar as suas almas, deixando-as respirar e expressar-se naturalmente. E à medida que vai avançando o Inverno (quase) apaziguador de Paris, cenário ideal para as suas histórias, em busca da Primavera, vai tomando forma o mais estranhamente apaixonante filme dos últimos tempos.
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